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Agência Minas Gerais | Epamig e Fiocruz se preparam para consolidar parceria em pesquisas sobre leite humano

O Instituto de Laticínios Cândido Tostes, unidade da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig / ILTC), desenvolve, desde 2019, trabalhos sobre processamento, controle de qualidade e uso clínico do leite humano com o objetivo de contribuir para a oferta do insumo e, consequente, redução das mortes de bebês prematuros.

“Leite materno é vida. Esse é um trabalho muito cativante. A Epamig / ILTC tem atuação na agropecuária, voltada para a produção de queijos e derivados do leite de vaca e de outros mamíferos. E também temos a oportunidade de colocar nosso conhecimento e estrutura a serviço de um tema tão importante para a saúde humana. Sou um grande entusiasta dessa ação”, comenta o chefe-geral do instituto, Sebastião Tavares.

Na última semana, Sebastião e as pesquisadoras e professoras da Epamig / ILTC, Denise Sobral, coordenadora do projeto “Adaptação do processo de homogeneização para leite humano”, e Gisela Magalhães, participaram das comemorações dos 80 anos do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz). 

Na oportunidade assinaram Carta de Intenções com o objetivo de estruturar um futuro termo de compromisso para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas entre as instituições. “A ideia é efetivarmos a cooperação técnica em 2024, quando o Instituto Fernandes Figueiras completa cem anos. Esse termo de intenções permite a estruturação desta cooperação entre as duas instituições, que já vem sendo muito profícua e tem agregado muito para o desenvolvimento de tecnologias que aproveitem ao máximo o potencial nutritivo do leite materno doado a bancos de leite humano”, acrescenta Sebastião.

Homogeneização e preservação de nutrientes  

O projeto desenvolvido pela Epamig / ILTC busca aplicar o processo de homogeneização utilizado nas indústrias de laticínios ao leite humano recebido pela rede de Bancos Leite Humano (rBLH) e, assim, eliminar a perda de gordura e servir um leite humano de composição estável para prematuro extremos (com peso inferior a 600g), salvando vidas. 

O leite humano doado sofre variações inevitáveis de temperatura desde a coleta até a oferta em UTIs neonatais. Neste processo, que inclui a pasteurização, é inevitável a separação da gordura do leite devido a perda de sua estabilidade (formação de nata) e esta gordura não é totalmente reincorporada ao leite, mesmo com agitação. 

“Quando o bebê é alimentado por sonda nas UTIs neonatais, parte desta gordura fica aderida na parede da sonda e é perdida, diminuindo o valor calórico do leite humano oferecido. Outro problema é que a gordura se separa antes mesmo de entrar na sonda e é consumida pelo bebê apenas ao final da alimentação, sendo a primeira parte do leite servido mais pobre em calorias e nutrientes. É sabido que para o caso de prematuros extremos o valor calórico do leite humano servido pode ser determinante para a sobrevivência e não existe nenhum complemento artificial que substitua o leite humano”, destaca a pesquisadora Denise Sobral. 

Recentemente, a Epamig / ILTC adquiriu um homogeneizador escala piloto com capacidade 10L/h, ideal para trabalhar com pequenos volumes, como é o caso do leite humano. “Trabalharemos com três condições de pressão a serem definidas em pré-testes. O leite homogeneizado também passará por condições de congelamento e descongelamento e seu comportamento será estudado”, explica a professora.

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