A Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa (Sedec-JP), por meio da Diretoria de Ensino, Gestão e Escola de Formação (Degef), através do Departamento de Programas Integradores (DPI), realizou na manhã desta quarta-feira (14) a formação de abertura do Projeto Cordel na Sala de Aula. Este ano, o tema desenvolvido nas unidades de ensino será ‘O Feminino no Cordel’. A abertura aconteceu no Centro Escolar Municipal de Atividades Pedagógicas Integradoras Arthur da Costa Freire (Cemapi), em Mangabeira VIII, com uma apresentação cultural das crianças do Ninho do Saber El Shadday.
“Inspirados pela força expressiva da poesia popular, propomos uma jornada formativa que valoriza o cordel não apenas como um gênero literário tradicional, mas como um campo dinâmico de linguagem, que acolhe múltiplas vozes, olhares e significados. A partir do folheto ‘A História da Donzela Teodora’, do consagrado Leandro Gomes de Barros (1865–1918), refletiremos sobre as representações do feminino na literatura de cordel e suas possíveis ressonâncias na formação crítica dos estudantes”, explicou a coordenadora do projeto, a professora Sayonara Gomes.
A formação busca contribuir para a formulação de soluções didáticas eficazes ao analisar e buscar compreender as premissas e consequências relacionadas à Literatura de Cordel, visando enriquecer a prática pedagógica.
Milena Freitas Andrade é aluna do 9° ano da Escola Municipal Afonso Pereira da Silva. Ela apresentou o cordel feito por ela, intitulado ‘A Donzela Teodora’, fazendo uma intertextualidade do cordel de Leandro Gomes de Barros.
A estudante falou da alegria em ter sido convidada a participar do evento. “Eu me sinto muito feliz em poder participar e apresentar meu cordel. Eu vejo várias pessoas aqui que já escrevem cordel. É uma fonte de inspiração muito boa para mim. E lendo esse cordel para elas, me sinto muito lisonjeada pela escrita e também por valorizar nossa cultura nordestina”, disse.
O processo formativo terá vários encontros durante o ano letivo, destacando a importância do pensamento crítico no que se refere ao papel do feminino neste meio cultural.
“O cordel tem que ser fomentado. E para fomentar tem que ser a partir da educação, da sala de aula. Então, é importante que os professores sejam instruídos, que entendam o que é o cordel, a importância, principalmente da autoria feminina, que traz resistência, empoderamento, que empodera outras jovens que já escrevem, mas que muitas vezes não têm direcionamento. E esse momento aqui agrega toda a cultura da sociedade, como também o nosso povo nordestino”, falou a poetisa Annecy Venâncio, que também participou da abertura.
O chefe da Divisão de Inovação e Diversidade Curricular da Sedec, professora doutora Luciana Souza, falou o que representa este momento. “A formação é um espaço coletivo de escuta, experimentação e partilha, contribuindo para transformar o ambiente escolar em território de criação, reflexão e valorização da cultura popular. Sei que nós, secretária e professores, podemos construir práticas pedagógicas mais sensíveis, poéticas e transformadoras”, declarou.
Primeira estrofe do cordel de Milena Freitas
Na beira de um povoado,
Vivendo em simplicidade,
Morava a moça mais bela
De toda aquela cde,
Chamava-se Teodora,
Pura Flor da mocidade.