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Prefeitura de João Pessoa apoia economia criativa e investe no ‘Eu Posso Criar’ para gerar oportunidade

Uma cidade reconhecidamente criativa. Essa é João Pessoa, a capital das oportunidades e das mudanças de vidas. O lugar onde a criatividade é premiada e empreender dá certo. E parte de tudo isso acontece porque existe o programa ‘Eu Posso Criar’, uma iniciativa da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), que impulsiona a vocação de artesãos e fortalece a economia criativa. Por essa e outras razões, quem vive na capital paraibana tem muito a celebrar neste Dia Nacional do Artesão (19).

A diretora do ‘Eu Posso Criar’, Marianne Góes, é gestora e também uma entusiasta da proposta que tem feito empreendedores artesãos realizarem sonhos. Para ela, o futuro do setor já chegou. É o agora, momento em que o despertar para as vocações está acontecendo.

“A economia criativa é o hoje, não é nem o futuro. Porque a gente está vendo cada vez mais ela acontecer para todos os lados que a gente olha. A Unesco ela meio que limita a economia criativa em sete áreas principais, mas a gente sabe que é infinito o ramo de possibilidades. Tem uma coisa muito interessante com a economia criativa, porque a gente fala, por exemplo, que João Pessoa é cidade criativa do artesanato, mas a economia criativa é totalmente transversal. Então, a gente termina trabalhando as mais diversas áreas”, fala Marianne com alegria.

E o sentimento de Marianne Góes não fica apenas no mundo do aspecto subjetivo. É no desenvolvimento de ações que as manifestações artísticas, criativas e empreendedoras se tornam concretas. E como isso é feito? Olhando para o artesão e abrindo caminhos para que ele transforme sua vocação em negócio.

“O ‘Eu Posso Criar’ dá a oportunidade desse empreendedor, principalmente o artesão, que é o público que a gente mais trabalha, mostrar a sua expertise para o mundo. Por exemplo, a gente vai mandar rendeiras daqui para Portugal para fazer um trabalho em conjunto, as bordadeiras portuguesas com as rendeiras paraibanas. A gente geralmente também dá essa oportunidade delas irem vender e apresentar o seu trabalho lá fora. O que a gente quer é que eles tenham uma sustentabilidade, que consigam andar com as pernas próprias”, ressaltou a diretora do programa.

Todo esse percurso passa, ainda, por um olhar especial que reconhece talentos. “Temos os talentos, às vezes a gente precisa só enxergá-los. Por exemplo, quando a gente faz uma oficina de design para o artesanato, a gente tem o artesão com aquela expertise, com o fazer aquela tipologia com técnica, mas muitas vezes ele não está, vamos dizer assim, caminhando com o que o mercado está querendo, o que é que o consumidor está querendo comprar. E eu não estou falando de uma forma de fazer uma intervenção no que ele produz, mas fazê-lo entender que o mercado talvez agora queira que ele mude um pouco, que amplie essa atuação, não é que a gente vai intervir no fazer dele, porque aquilo ali é intrínseco”, evidenciou Marianne.

De João Pessoa para a França – Quem já aproveitou vários cursos oferecidos pelo ‘Eu Posso Criar’ e alçou voos altos foi Laisa Pereira. A artesã trouxe nas mãos o dom do bordado e decidiu fazer peças únicas que não apenas transformam a estética de um lugar, mas também contam histórias. Cada ponto, cada linha, cada detalhe, para ela, é uma celebração das memórias preciosas que são compartilhadas na vida.

Laisa tem brilhado com sua arte. Tanto que agora ela está montando um ateliê na França. Dona da Papuie Ateliê, a artesã vai expandir os negócios para a Europa. “Apareceu uma oportunidade esse ano e estou morando em Paris, e estou montando uma ateliê aqui também”, contou acrescentando que de lá continua gerenciando os negócios que ficaram aqui em família.

“Tem minha mãe que está na finalização dos quadros, minha tia que está na parte dos laços e costura e tem mais quatro vizinhas da gente. Era só uma [vizinha], eu ensinei a ela e ela passou para mais duas filhas dela e uma neta, e hoje a gente virou uma rede e estou gerindo à distância. Continuo fazendo as criações e envio os desenhos. Estou gerindo o todo, esse processo de finalização de bordado de quais são os bordados da semana, o que finalizar”, descreveu.

Laisa Pereira não esquece de como as capacitações a ajudaram. “Os cursos me ajudaram bastante nessa gestão. Também me ajudou na produção e para conseguir planificar tudo. Hoje eu sei o que eu tenho de estoque, de insumo, de material, o que precisa de fornecedor. Tenho minha rede de fornecedores que continuam comigo, e graças a Deus está gerando renda para mais sete pessoas”, comemorou Laisa.

Cursos de capacitação – Segundo Marianne Góes, fica até difícil calcular quantos são os beneficiados com o ‘Eu Posso Criar’ por ano em João Pessoa. Mas, ela faz uma média baseada nos cursos oferecidos. Cerca de 15 cursos, com pelo menos 50 alunos matriculados por turma. Uma média anual de 750 pessoas capacitadas para o mercado do empreendedorismo no setor do artesanato.

“A gente já fez oficina criativa com rendeiras, crocheteiras, com o pessoal dos quilombos trabalhando a parte de labirinto. Fizemos agora uma oficina criativa junto com o Governo do Estado com a parte de cerâmica. Ou seja, a nossa abertura de atuação, nosso alcance, é bem mais amplo do que simplesmente os cursos de capacitação que são importantíssimos, porque a gente sabe que o artesão, muitas vezes, não tinha esse embasamento para trabalhar a rede social, a fotografia, como vender em feiras, como falar em público. Nós pegamos uma série de cursos para dar para eles esse embasamento”, pontuou.

Como participar – É fácil aproveitar os benefícios do ‘Eu Posso Criar’. Basta ficar atento aos canais de comunicação da Prefeitura de João Pessoa que sempre está divulgando a abertura das inscrições para os cursos, todos ofertados gratuitamente. Quem tem mais de 18 anos e se interessa em participar, é só se inscrever.

Marianne Góes explica que os cursos são preparados após realização de pesquisa para entender as necessidades do mercado. “As várias pesquisas que realizamos nos ajudam a desenvolver as oficinas. A gente tem pesquisa sobre a matriz cultural de uma pessoa, a parte iconográfica, os símbolos. Tivemos agora uma pesquisa aplicada no Salão do Artesanato, com mais de 500 expositores, que é para entender quem é o artesão, o seu perfil, faixa de renda, quem é que ajuda, se ele tem alguém da família trabalhando com ele, entender todo esse cenário. A pesquisa fornece informações atuais e confiáveis pra desenvolver os projetos ao longo do ano”, finalizou.

Cidade Criativa – João Pessoa é uma Cidade Criativa da Unesco no segmento de artesanato e arte popular. É a única cidade brasileira com esse reconhecimento. A certificação Cidade Criativa da Unesco é uma plataforma de intercâmbio internacional que reconhece cidades que contribuem com o desenvolvimento urbano sustentável. As cidades certificadas podem trocar experiências e conhecimentos. O objetivo é estimular a colaboração entre as cidades para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.