A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) realizou, na tarde deste domingo (10), no Parque Solon de Lucena (Lagoa), o I Piquenique Inclusivo de Natal. A ação, que conta com a parceria da Associação Paraibana de Autismo (APA) e da Turma Tá Blz, busca incluir as crianças atípicas – aquelas que têm diagnóstico de autismo e TDAH, por exemplo – por meio da cultura, da arte e da diversão em um ambiente ao ar livre e de forma gratuita.
“Esta é uma ação da Funjope que mais nos orgulha. Nós criamos, há dois anos, o projeto Somos Capazes – Inclusão Social pela Arte; realizamos a Tardezinha Inclusiva, no Centro Cultural de Mangabeira e, somente em 2023, conseguimos fazer três piqueniques, um no Parque Arruda Câmara e dois na Lagoa. Este especial de Natal é único. É maravilhoso poder celebrar o Natal com essas famílias e promover a inclusão e a interação social dessas crianças no ambiente urbano da cidade”, observou o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves.
Ele ressaltou que a Lagoa é um parque livre e nele estiveram diversas crianças típicas e atípicas que interagiram, socializaram, brincaram nos parquinhos, descobriram os enfeites de Natal. Além disso, o diretor enumera a presença do Papai Noel, do palhaço, da música. “É um momento muito especial, realmente. O prefeito Cícero Lucena tem nos pedido para promover uma política de cultura ligada à diversidade, à multiplicidade, sobretudo, para inclusão social. É isso que nós estamos fazendo. Fico muito contente”.
Marcus Alves ressaltou que a equipe da Funjope se dedica bastante a esse projeto. “Nós agradecemos imensamente às mães, aos pais, às famílias que trazem suas crianças, e um agradecimento muito especial à primeira-dama Lauremília Lucena, que tem nos ajudado no dia a dia para desenvolvermos de forma tão forte e tão grandiosa o projeto Somos Capazes – Tardezinha Inclusiva”, acrescentou.
Lauremília Lucena participou do Piquenique e elogiou a iniciativa. “Este é um projeto que nos toca, nos emociona porque faz a inclusão com a arte e a cultura. Agora, no período de Natal, com a cidade preparada, iluminada, vivemos um momento de renovação da nossa fé, da esperança, de despertar a empatia nas pessoas, a solidariedade. Esse é um momento muito importante. Cícero Lucena é um prefeito inclusivo e eu espero que João Pessoa também seja uma cidade inclusiva”, declarou.
Para Hosana Carneiro, presidente da APA, ações como o Piquenique Inclusivo são muito importantes para as famílias de crianças atípicas. “Sempre que eu chego aqui, me emociono. São dois anos de evento e eu ainda consigo me surpreender com o trabalho que estamos fazendo, com o cuidado que nós, da APA, da Funjope, com Marcus Alves, Nik Fernandes, temos”, ressaltou.
Ela destaca que um dos desejos da primeira-dama é que as famílias participem e se divirtam, encontrem muitos brinquedos para evitar filas. “E, se nós, que organizamos, nos emocionamos, imagine as mães que, dois anos atrás, não tinham para onde levar seus filhos. Me sinto uma pessoa diferente atuando nesse projeto. Não sei descrever a sensação que estou sentindo nesse momento e agradeço a Deus pela oportunidade de poder proporcionar isso às pessoas com necessidades especiais”, comentou.
Nik Fernandes, uma das organizadoras do evento e integrante da Turma Tá Blz, afirmou que o Piquenique Inclusivo é algo diferente e necessário. “As crianças e suas mães precisam desse contato com a natureza. Hoje não encontramos ninguém no celular, a não ser registrando esses momentos felizes. Comemoramos dois anos do projeto com muita alegria porque estamos conseguindo tirar essas crianças de casa e chegando para mais famílias que não conheciam o projeto. É muito gratificante”, disse.
Mãe de autista, ela conta que está nessa batalha pela inclusão há mais de 30 anos. “Quando vemos uma gestão que abraça o projeto não só com os braços, mas com o coração, é muita felicidade. É uma gestão diferenciada”, acrescentou. O evento contou ainda com a Feirinha Inclusiva onde são comercializados produtos confeccionados pelas mães.
Famílias – Jordânia de Medeiros Araújo é dona de casa e mãe de Jônatas, de 5 anos. Ela recebeu o diagnóstico de que o filho é autista durante a Tardezinha Inclusiva e afirma ser muito agradecida por contar com o apoio da equipe. “Fui observando alguns sinais em casa. Lá na Tardezinha meu filho foi avaliado e confirmamos o que eu já desconfiava. Ele é minha prioridade e a Tardezinha Inclusiva, esse piquenique, são fundamentais para o bom desenvolvimento dele”, afirmou.
A psicopedagoga Edcler Pessoa e Silva tem duas crianças neuroatípicas na família: Maria Liz, de 3 anos, que é autista, e Camille Vitória, de 10 anos, que tem TDAH. “Para mim, esse espaço é ótimo tanto aqui na Lagoa, com o piquenique, como também em Mangabeira. Nós, mães, não temos tempo para nós porque nosso tempo é deles. Então, quando estamos aqui ou lá, desestressamos. Se eles entrarem em crise, temos um apoio. É diferente de irmos para um shopping onde não temos esse suporte”.
A dona de casa Ana Cláudia Maria da Conceição contou que seu filho Samuel, de 8 anos é autista e muito sensível a barulho. “Aqui na Lagoa, ao ar livre, é bem tranquilo. É um evento muito importante para crianças que não tinham acesso à diversão, à socialização e à inclusão. Também é importante para as mães que trocam experiências. Para eles, é muito importante sair da rotina. Isso ajuda no desenvolvimento”.
Geralda Deodato é diarista e conta que seu filho Isaac, de 13 anos, tem deficiência intelectual. “Sempre foi difícil para ele se relacionar com outras crianças. Agora, está em processo de mudança e já sente vontade de sair de casa, o que não acontecia antes. Inclusive, ficou muito ansioso para vir ao piquenique, acordou bem cedo, e agora está se divertindo”, comemorou.
A cabeleireira Jordaniele Ferreira contou que esta foi a primeira vez que participou do evento. “Meu filho Euclides, de 3 anos, não é atípico, mas acho importante a convivência com outras crianças. Esse projeto é maravilhoso porque tira a criança da mesmice, de estar só na tevê, no celular, e faz com que tenham contato com a diversão e a cultura”.
Mãe de Natanael, de 5 anos, que não é atípico, a dona de casa Mércia Santos elogiou a iniciativa e disse que seu filho também adora o projeto. “Tenho um sobrinho que é autista e considero muito importante que ele conte com ações como o Piquenique Inclusivo”, afirmou.
A estudante de Pedagogia, Valquíria Galdino, é mãe de Damares, 12 anos, que é autista, e considera essencial o evento. Moradora de Santa Rita, ela diz que em sua cidade não tem ações semelhantes voltadas para crianças atípicas. “Eles precisam disso, de inclusão. Eu pretendo vir mais vezes com ela”, disse.