foto: Bob Faria/Superesportes
Colunista Bob Faria fala sobre a comparação do Atlético de 2021 com o Atlético de 2022
Vamos falar de comparações e de como elas podem ser incrivelmente nocivas e destruidoras. Quem de nós nunca se sentiu intimidado com a perspectiva de não conseguir ser tão bom ou melhor que nossos antecessores? Em qualquer que seja a área, profissional ou pessoal, há dentro de cada um o desejo intrínseco de ocupar um lugar que seja só seu.
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O problema é que não há tantos lugares, como direi, inéditos, assim no mundo. E tendência a comparação nos assombra. É como se por alguma força obscura da evolução humana fôssemos sempre obrigados a sermos melhores, maiores e mais interessantes do que aqueles que nos precederam. O que nos falta é a percepção de que isso é uma ilusão, uma fobia que nasce dentro da gente e muito raramente, muito mesmo, encontra fundamentação. É como brigar com o eco. Jamais o som que volta será mais intenso que o da voz que sai! Por um motivo simples. A energia da onda sonora, mesmo refletida, tende a se dissipar e nunca se amplificar. Mesmo assim, a comparação continua assombrando a humanidade e produzindo estragos na nossa autoestima. Leva muito tempo e muito esforço para compreender que somos seres únicos, ocupando lugares únicos e exercendo aquilo que fazemos, com o melhor que podemos dar, independentemente do olhar alheio e do julgamento de quem gostaria que fôssemos o que não somos. No futebol, essa é uma das práticas mais inúteis e usuais que podemos observar. Adoramos comparar jogadores que atuaram em épocas diferentes, times que jogaram campeonatos distintos e o melhor de tudo, afirmar com toda a convicção que o passado sempre foi melhor que o presente e o futuro. Não é uma incoerência? Estamos fazendo sempre força para sermos melhores que nossos antepassados, porém nunca atingimos o objetivo. Somos como umas mulas com uma cenoura pendurada à frente de nossas cabeças. Vejo a grande discussão em torno do Atlético desta temporada, em relação ao da temporada 2021. É exatamente o mesmo fenômeno. É uma comparação injusta porque são coisas diferentes em momentos diferentes. É como comparar bananas maduras com uvas verdes.Deveríamos perder essa ansiedade de querer projetar o resultado baseado apenas no que aconteceu, assim como medir as pessoas pelas réguas de quem as antecedeu. Mas não é assim que o mundo funciona. Não gostamos de ser comparados com ninguém, ainda mais alguém melhor do que nós. Mas fazemos isso o tempo todo com outras pessoas. É ou não é? Por quê? Porque somos uma espécie que precisa de parâmetros para se compreender. Não basta ver ou ouvir os outros, é preciso mirar no espelho para sabermos que estamos ali. Precisamos gritar ao grande vale que é o mundo para ouvir nosso eco e termos certeza de que temos nossa voz. Porque isso é muito mais seguro e reconfortante do que simplesmente admitir que sempre houve, há e haverá gente melhor e pior que nós, em todas as coisas que fizermos.