Quando o jornalista e escritor português Augusto Emílio Zaluar passou por Guaratinguetá-SP, em 1860, em seu livro "Peregrinação pela Província de São Paulo" (pp. 79-81) registrou:
"O atual Vigário de Guaratinguetá é um verdadeiro apóstolo do cristianismo. A sua vida é uma aspiração ao infinito, uma adoração a Deus e um compêndio da piedade e da abnegação... cumpre a sua romaria terrestre consolando os infelizes, enxugando as lágrimas aos que sofrem, mitigando as mágoas aos que se debatem nas ânsias das dores físicas... levando a toda a parte onde o invocam e são precisos, os socorros da religião, a crença, a esperança e a consolação do amor e do espírito divino... faz lembrar o semblante austero de S. Jerônimo... A sua palavra é grave e perplexa, como quem não encontra na linguagem humana frases com que traduzir a sublimidade dos sentimentos que o dominam e as santas ideias que o preocupam. É um peregrino do céu que cumpre resignado, porém beneficamente, a sua peregrinação na terra".
Padre Lourenço Marcondes de Sá
Nascido em Pindamonhangaba-SP, em 1779, e falecido em Aparecida-SP, em 1838. Filho do Capitão Antonio Marcondes do Amaral (1712-1786) e de Ana Joaquina de Sá. Avós paternos: Cirurgião Dioniso Marcone ou Maricondi e Maria Vieira. Avós maternos: Lourenço de Sá, Juiz Ordinário da Vila de Guaratinguetá-SP, em 1734, e Maria da Conceição de Jesus, descendente do Alcaide-Mor Braz Esteves Lemes, Juiz Ordinário em Guaratinguetá-SP e co-fundador da Vila de Pindamonhangaba-SP. Foi presbítero do hábito de São Pedro e Capelão de Aparecida de 1822 a 1833.
Em 1811, era Coadjutor na Vila de Guaratinguetá-SP e, em 1838, voltou a ser Capelão em Aparecida.
Eleito e empossado Vereador da Vila de Guaratinguetá-SP para o período de 1834 a 1836, ainda à época que a Capela de Aparecida era o 2o Distrito da Vila de Guaratinguetá-SP, com direito a Juízes de Paz, Sub-delegado e Inspetores de Quarteirão. Foi Vice-Presidente da Câmara, em 1834, e participou do restrito grupo que compunha o Colégio Eleitoral à época.
Em 1835 vai para a Corte onde prestará serviços; em um texto da descendência de seu pai, o patriarca dos Marcondes no Brasil, consta que ele teria sido Deputado Geral e Provincial, o que não se confirma.
Conviveu politicamente com o Comendador Antonio Clemente dos Santos e o Pe. Vitoriano José dos Santos Dias, primeiros Deputados Provinciais de Guaratinguetá-SP, e com o Visconde de Guaratinguetá.
Proprietário de uma chácara que doou ao patrimônio da Senhora Aparecida, localizada nas "Pitas", atual Santuário de Aparecida, era ainda proprietário de residência na antiga praça, hoje N. Sra. Aparecida, e início da ladeira Monte Carmelo e que atualmente pertence aos descendentes do Maestro Isaac Júlio Barreto, falecido em 1895.
Há notícias que durante seu exercício na Capelania de Aparecida e como Vereador em Guaratinguetá-SP, a praça teria sido calçada com grandes pedras, conforme visualizadas em fotografia da Capela de 1880.
As terras entre o ribeirão do Sá e o ribeirão dos Moraes que foram doadas integralmente para o patrimônio da Nossa Senhora da Conceição Aparecida e que grande parte pertence à Arquidiocese de Aparecida e Congregação Redentorista, foram doadas por Lourenço de Sá, seu avô, e não pelo Padre Lourenço Marcondes de Sá.
Padre Doutor José Alves Vilela
Nasceu em Portugal, por 1696, e faleceu, em 1779, com 83 anos. Seus cursos básicos e eclesiásticos devem ter sido realizados em Portugal. Em processo do Arquivo Judiciário de Guaratinguetá-SP/Museu Frei Galvão, foi encontrada informação que obteve o título de Doutor, o que para a época só poderia ter sido conquistado no exterior, onde deve ter recebido as ordens sacerdotais.
Vigário da Vila de Santo Antonio de Guaratinguetá-SP, de 1725 a 1745, com pequenas interrupções. Foi vigário da Vila de Pindamonhangaba-SP, em 1724, e atendeu por algum tempo no bairro do Facão, depois Vila de Cunha.
Foi Vigário da Vara na região, que o colocava como Superior dos demais Vigários, ou seja, Vigário Geral, tendo atuado em processo, em Taubaté-SP.
Recebeu sesmaria e tornou-se proprietário de terras em Guaratinguetá-SP, no caminho de Cunha.
Recebeu as doações de terras de: Margarida Nunes Rangel, Lourenço de Sá e Fabiana Fernandes Teles e seu marido para a constituição do patrimônio da Senhora Aparecida e construção da Capela para aí ser colocada a imagem da Senhora da Conceição que estava em poder de Atanásio Pedroso. Recebeu ainda doação das terras de Jerônimo Dornelles e sua esposa.
Com doações que recebeu de fazendeiros e sitiantes da época e de devotos da Vila e adjacências, mandou construir a Capela, sendo encarregado da construção o Capitão Antonio Raposo Leme, genro de Margarida Nunes Rangel que realizou a obra com o concurso de seus escravos.
A imagem da Senhora da Conceição foi retirada das águas da margem direita do Rio Paraíba, em rede, pelos pescadores segundo relato registrado 36 anos após o ocorrido entre os dias 16 e 17 de outubro de 1717, o que se pressupõe a partir do diário de viagem do Governador de São Paulo e Minas, Pedro de Almeida Portugal, depois Conde de Assumar.
Obteve aprovação do Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz, visto que São Paulo ainda não era Bispado, para a ereção da Capela, como também autorização para a consagração e benção da mesma, onde celebrou a primeira missa aos 26 de julho de 1745, na presença dos doadores, construtores e fiéis.