O Lince - Você também tem feito um belo trabalho de organização de livros como Histórias fantásticas e As três princesas negras, reunindo contos pouco conhecidos pelo leitor comum. Como você avalia a importância desse trabalho?
Georgette - Organizar antologias é sempre um grande prazer. No caso do Histórias Fantásticas, eu selecionei autores através de um edital para publicação, e fiz todo o trabalho editorial. No caso de As Três Princesas Negras e Outros Contos dos Irmãos Grimm, eu selecionei contos menos conhecidos e traduzidos dos Irmãos Grimm, traduzi e adaptei as histórias para a língua portuguesa e organizei o livro. Participar de antologias pode ser muito bom para um autor estreante tornar seu trabalho conhecido, ser lido por mais pessoas, antes de se aventurar em um livro solo. Assim ele ganha mais público.
O Lince - Seu primeiro livro, Lázarus, foi lançado em 2010. De lá pra cá, mais oito livros somam-se ao seu trabalho. Os números impressionam e demonstram que sua literatura tem tido grande aceitação. Quem é o seu leitor?
Georgette - Meu leitor tem de 08 a 180 anos (risos). Eu escrevo para jovens, adultos, crianças, para quem quiser ler o meu trabalho. Embora haja classificação de livros na ficha catalográfica, acredito que o leitor vai além disso. Ele tem a liberdade de escolher o que vai ler, independente da classificação. A série Lázarus, por exemplo, é voltada ao público adulto, mas os maiores leitores dela são adolescentes. E meus livros juvenis têm muitos leitores adultos. Não é legal isso? Esse é o grande barato da literatura: ela é democrática.
O Lince - Como escritora, você tem participado de inúmeras feiras literárias pelo país. Em que região ou estado a sua literatura é mais bem aceita? A que você atribui isso?
Georgette - Desde o começo de carreira eu queria ser conhecida além da minha zona de conforto, que é o Vale do Paraíba. Então eu me aventurei para muitos estados, cidades, e continuo fazendo isso. Acredito que meu público esteja mais concentrado em São Paulo, o que é natural, mas recebo muitas mensagens de leitores de outros estados, especialmente os do Sul e do Norte do país. Isso é gratificante.
O Lince - Sua atuação como arte-educadora, especialmente com teatro, por mais de vinte anos, interfere de alguma maneira em seus escritos? Ou seja, há algo de teatral em seus escritos?
Georgette - Com certeza minha atuação no teatro interfere em muitos aspectos: construção de personagens, memória emocional deles, descrição de cenários, sequência de enredo, roteirização de cenas dos livros, observação do ambiente para transpô-lo para cena, enfim, sou mais teatral na literatura do que poderia imaginar a princípio. O teatro está no meu sangue, sempre esteve, e parte dele extravasou numa transfusão benéfica para a literatura.
Agora estou retomando as raízes teatrais na escrita de roteiros, peças teatrais e roteiros de musicais que, em breve, serão divulgados. Amo o que faço, e talvez por isso me sinta tão feliz trabalhando sempre.
Sobre a autora
Georgette Silen é caçapavense de nascimento. Arte-educadora e professora de teatro, publicou seus primeiros textos, em coletâneas diversas, a partir de 2009. Desde então, são quase trinta livros como autora convidada ou organizadora.
Após o lançamento de Lázarus, seu livro de estréia, esta vale-paraibana tem se firmado, a cada publicação, como expressivo nome da Literatura Fantástica no Brasil, reafirmando a tradição de bons escritores nascidos na região.
Vampiros, bruxas, fantasmas, anjos e demônios estão sempre presentes nas histórias extraordinárias contadas por esta griot americana do século XXI.
Sua presença constante em eventos e escolas dizendo de suas experiências como escritora, mas especialmente contando boas histórias fantásticas, estimula jovens leitores a buscar a literatura como forma de construção do sentido do mundo, mesmo que imaginário.
Em breve, sairão os dois volumes que completam a quadrilogia iniciada em 2010: Nênia e Zênite.
SOBRE LÁZARUS
"A leitura é madura e detalhada e nos traz uma riqueza de detalhes maravilhosa. Ela amplia o universo dos vampiros como conhecemos, trazendo desde lendas mais antigas, como as Lâmias gregas, até o conceito dos vampiros atuais. Até hoje foi um dos livros com mais detalhes que li na literatura brasileira, e tudo com uma propriedade tamanha que parece ser verdade."
Danilo Barbosa
blog Literatura de Cabeça
"A autora Georgette Silen não se limita a contar uma love story com assassinatos ao fundo. A trama ganha novo fôlego após a resolução dos casos: entram em cena mais personagens, desafios e, claro, perigos."
Helena Gomes
Coautora de Sangue de Lobo, autora de Lobo Alfa, Assassinato na Biblioteca e a saga A Caverna de Cristais, entre outros.