Numerosos são os exemplos de velhas práticas retomadas em nome do novo e de soerguimentos de velhos nomes e projetos em nome da mudança. Em alguns casos raros, bom que se diga, pode significar uma retomada de rumo, mas quase sempre é apenas uma mudança de pano de fundo sem qualquer vestígio de alteração das estruturas.
Nas eleições de 2014, parte do eleitorado brasileiro demonstrou ainda estar tomado pela resistente nódoa do entendimento de que se trata de uma disputa entre o bem e o mal, tomando as primeiras impressões de informações duvidosas como critério para decidir acerca daquilo que exigiria informação de qualidade e análise rigorosa e nada apaixonada dos perfis de candidatos e grupos, seus programas e realizações. Da qualidade do voto depende a qualidade dos escolhidos.
A decisão de um pleito eleitoral vai muito além da simples escolha entre o "novo" e o "velho", entre o "bem" e o "mal". Exige uma leitura de mundo capaz de perceber os caminhos e descaminhos das mudanças de estrutura - se as mesmas são desejáveis -, mesmo que os momentos conjunturais possam obscurecer-nos a visão e tirar-nos, ainda que temporariamente, a capacidade de enxergar.
Importante lembrar que há sempre pessoas e grupos dispostos a fazer uso da passionalidade do eleitor. O ódio e a idolatria cegam-nos igualmente. E, o que é pior, em nada ou muito pouco contribuem para a solução dos problemas que nos afetam. É da análise de estrutura que carecemos. De um voto daí resultante.
Enquanto esse eleitor distante não se apresenta, sem a orientação de uma Ursa Menor que seja, continuaremos à deriva e a depender da sorte.
Não há égide a nos proteger. Que nossas orações alcancem os céus.