Não temos ainda respostas mínimas para questões elementares como: qual o impacto do uso das tecnologias da informação e comunicação, nas mais diferentes idades, no desenvolvimento da inteligência? Se existe um uso inteligente dessas tecnologias, qual seria? Uma criança que faz intenso uso dessas ferramentas deixaria de desenvolver certas capacidades de pensamento? E que outras desenvolveria e de que modo? É possível um desenvolvimento moral com o uso intenso dessas tecnologias? Se sim, que tipo de moralidade é desenvolvida? De que modo o uso cotidiano da tecnologia nos transforma? Ou será que apenas nos amplia? E o tempo livre decorrente das facilidades criadas, como são dedicados?
Há pesquisas de grande monta a desenvolver. Piaget e colaboradores são bom exemplo de vida dedicada à pesquisa dos fundamentos epistêmicos e morais de nossa individualidade. No entanto, o quadro em que pensou era outro. A sociedade high-tech ainda não havia sido instituída. E como a ciência é um pensar sobre o existente, tais questões sequer foram ventiladas e hoje carecemos de novas sistematizações, embora a pós-modernidade as rejeite.
Enquanto isso, tempo passará até que a ciência e o senso comum compreendam o impacto da tecnologia sobre nossas vidas. Por ora, encantados, vibramos com cada novo aparelho, aplicativo ou software que nos embalam em um mundo de potencialidades virtuais que criam um novo sentido de realidade e de existência.
Não se pode pensar o mundo sem a técnica, sem dúvida, mas o que vemos são pessoas vivendo as virtualidades produzidas sem pensar, o que leva a crer (e que seja apenas uma crença) que a tecnologia da informação deverá publicar seus efeitos mais nefastos, se é que serão percebidos como tais, antes que seja analisada com a acurácia necessária.
E aqui a urgência de se repensar nossos modelos educativos – se é que conseguiremos o distanciamento necessário para isso – para redimensioná-los em torno de uma razão crítica capaz de orientar uma nova pedagogia pautada pela capacidade de pensar e de agir a partir de um forte desejo prévio de compreensão. Nunca como agora, a pedagogia precisa se fazer ciência.