O combativo discurso municipalista de 25 anos atrás se esboroou diante dos subterfúgios e estratagemas de caudilhos que buscaram – e buscam – ampliar as fissuras legais de modo a fazer caber seus míopes e retrógrados projetos de permanência no poder. A defesa do municipalismo que ribombou nas tribunas dos parlamentos, em tempos de Assembléia Nacional Constituinte, como grande alternativa política de organização do Estado, capaz de garantir o controle dos governos pela participação política e de promover justiça social através da redistribuição dos recursos e da desconcentração do poder, hoje não ressoa com a mesma intensidade.
Ideólogos, poucos restam, mas um sem número de caudilhos municipalistas continuam a parasitar órgãos vitais à sobrevivência da democracia, fazendo uso da ampliação da capacidade de governança dos municípios para locupletarem-se com o dinheiro público.
Que a chegada do quarto de século de promulgação da Lei Maior do Brasil permita o balanço das inegáveis conquistas, mas também provoque o debate para o aperfeiçoamento da estrutura jurídica do país de modo a combater, sem transigir, toda tentativa de degenerar a democracia. Que sua revisão e complementação constantes permitam a revisão da estrutura intumescida do Estado, o controle da voracidade de lucro dos capitalistas e a extirpação do nepotismo, do compadrio, do mandonismo e da corrupção típicos das pequenas e médias cidades de grande país.
Enquanto isso, como diriam os romanos, tudo permanece in statu quo ante bellum.